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segunda-feira, maio 16, 2005

A metáfora da catedral

Justo Gallego é um homem de 80 anos. Em meados da década de cinquenta do passado século XX, decidiu iniciar a obra da sua vida; ou melhor, decidiu dedicar o resto da sua vida a uma obra: construír a "sua" catedral.
Pouco a pouco, os habitantes e visitantes da pequena localidade de Mejorada del Campo, nos arredores de Madrid, foram vendo crescer a original catedral, numa surrealista conjugaçäo de cúpulas, torres, colunas, pórticos e abóbodas, saídas da imaginaçäo e das mäos deste solitário sem estudos, nem plantas, nem projectos.
Com o passar do tempo, a excêntrica construçäo tornou-se o símbolo da terra. Os curiosos começaram a fotografar; a notícia espalhou-se; fizeram-lhe páginas de internet para publicitar e angariar fundos; uma empresa de refrigerantes fez um spot publicitário na catedral, turistas começaram a ir de propósito a Mejorada del Campo... E que faz D. Justo? Pois... o que sempre tem feito nos últimos 40 anos: gasta as horas de todos os seus dias a colocar tijolo sobre tijolo, sorrindo a quem chega ou a quem passa, aceitando as ajudas que lhe querem dar, para continuar a erguer a Catedral da sua vida.
A obra cresce sem licenças, muitos chamam-lhe louco, os arquitectos dizem que a construçäo é um perigo público... mas ninguém se atreve a deitar por terra o sonho deste homem.
O que me encantou nesta história, quando a ouvi e vi, näo foi aquela igreja construída de tijolo e cimento e vigas e pedras. O que me encantou foi a metáfora fantástica que se entrevê numa catedral erguida com os tijolos da vida de um homem: vida e obra e cúpulas fundidas numa unidade. Pode ser loucura... mas que importa?

Comments:
Sim, o que este homem faz é incrível. Mas também comove e dá esperança ver que, apesar de os arquitectos dizerem que a catedral é um perigo público, ninguém se atrever a deitá-la por terra. Há que apreciar todos estes sentimentos envolvidos. É como se não a deitando abaixo, toda a gente se identificasse com o sonho e a esperança do homem. É uma grande história, esta.
 
Corrijo: não é bem identificar, é mais respeitar o sonho de outra pessoa.
 
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