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domingo, outubro 30, 2005

Um näo sei quê de Deus... 

Com os ritmos alterados por visitas à "minha" cidade, acabei hoje por ir à missa a uma igreja diferente daquela onde costumo ir. Estava frio. Estava a chover. Muito. Estava atrasado... E confesso que, cá dentro, foi preciso um "esforço disciplinar" suplementar.
Encontrei uma igreja grande, mal iluminada, gélida, desconfortável e semi-vazia. Um padre já idoso, um coro desafinado e uns leitores que pareciam confrontados, pela primeira vez, com estranhos relatos numa língua estranha.
Tudo me pareceu pouco convidativo e espiritualmente pouco estimulante...
E no entanto... pouco depois de me sentar, de ouvir as leituras e uma homilia feita de palavras simples e cheias de alma, a celebraçäo transformou-se num momento de íntima alegria, feita de palavras vivas e de silêncios plenos. E tudo pareceu ganhar sentido: o rito, tantas vezes vazio e estéril, encheu-se de vida. E, sobre o altar e cá dentro, um näo sei quê de Deus, que fala, que desafia e que é; um näo sei quê de alegria serena, sem nome, mas pleno de tudo.
Os preceitos e ritos säo, muitas vezes, tempo perdido. Mas depois há momentos destes, inesperados e belos, que me obrigam a vê-los para lá do que se vê. E é aí, onde os olhos näo väo mas o mais profundo de nós se encontra, que vale a pena celebrá-los.

Comments:
Fantásticas palavras.
 
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