<$BlogRSDUrl$>

quinta-feira, novembro 24, 2005

A Inteligência e a Estupidez (II) 

Volto aos fracassos da inteligência. Lembro apenas alguns, bem conhecidos e bem vivos nos dias que correm...
Preconceito
Ter um preconceito é "estar absolutamente seguro de uma coisa que não se sabe".
O indivíduo preconceituoso caracteriza-se por seleccionar a informação de tal forma que só atende aos dados que corroboram o que já pensa... Estabelece assim um filtro que lhe proporciona uma espécie de imunidade a tudo o que possa soar, mesmo que levemente, ameaçador às suas convicções.
O preconceito começa por ser uma debilidade intelectual: perante a incapacidade de aventurar-se na insegurança da descoberta, o sujeito agarra-se como um náufrago a ideias feitas e, supostamente, testadas pela experiência.
O preconceito é, também, um mecanismo de defesa: O sujeito precisa de sentir que o mundo à sua volta está onde deve estar e que tem controlo sobre ele. Para isso precisa de saber que "as coisas são assim".
O sujeito preconceituoso é arrogante. Como só os ignorantes podem ser.
Naturalmente, o preconceito é perigoso. Pode ser, como foi, de muitas maneiras e modos ao longo da história, o ponto de partida para as maiores atrocidades. É um fracasso da inteligência.
Superstição
A etimologia diz-nos que a superstição é a sobrevivência de uma crença morta, injustificável, mas que continua a ter uma influência na conduta e no pensamento do sujeito.
Embora não tenha o aspecto discriminador e selectivo do preconceito, partilha com ele o facto de ser uma certeza injustificável, invulnerável às certezas que se possam apresentar em contrário.
É impressionante verificar como pessoas inteligentes se deixam condicionar por superstições. Desde políticos que consultam astrólogos e cartomantes (como Mitterrand...), até à influência dos horóscopos na vida de tanta gente...
No campo religioso, a superstição abunda. Quantas expressões de fé não se baseiam em simples superstições? E quantas se mantêm e alimentam em nome de um suposto respeito pela fé popular? Terreno movediço, este...
A superstição é um apoucamento intelectual. Frequentemente, o supersticioso não apenas se contenta com as "verdades supersticiosas", como se convence de que precisa delas...
A superstição, nas suas mais variadas formas, é um fracasso da inteligência.

Comments:
Tenho vindo aqui nestes últimos dias. Estou a gostar do que leio.
Um abraço

 
Obrigado, Zé!
 
«Se existe uma teoria científica da inteligência, deveria haver outra, igualmente científica, da estupidez»
O autor tem razão.
Gostei de ler a reflexão sobre o preconceito e a superstição. Espero os outros.
Infelizmente todos podemos errar.
Saudações!
 
Enviar um comentário

This page is powered by Blogger. Isn't yours?