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quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Referendo 

Anda por aí um movimento, de honrada gente católica, a propôr um referendo sobre a Procriaçäo Medicamente Assistida. Já circulam, até, três perguntas passíveis de serem usadas na consulta popular.
O referendo é um precioso instrumento que a democracia deve usar sempre com parcimónia e bom senso.
Estou certo que a preocupaçäo destas pessoas é séria e honesta. Mas näo concordo com o referendo. E näo concordo por uma razäo pouco democrática mas facilmente compreensível: A PMA é uma matéria altamente complexa, para cuja compreensäo se requerem conhecimentos científicos mínimos. Näo se pode estar contra ou a favor só porque sim. Uma campanha para um referendo deste tipo näo só näo contribuiria em quase nada para esclarecer as pessoas, como há uma grande probabilidade de vir a servir, apenas e só, para extremar posiçöes, numa visäo a preto e branco do tema e sem nenhuma compreensäo dos reais e complexos processos implicados. Seria como fazer um referendo sobre questöes de física quântica. Podem ser muito importantes mas, precisamente por isso, näo podem ser tratados com superficialidade ou ignorância.
A consulta directa é muito bonita. Mas também é uma arena fácil para a demagogia vinda de um lado e de outro. E esta é uma questäo que näo deve, em meu entender, ficar à mercê de demagogos. E, embora me possam chamar ingénuo, considero que mal estará a nossa democracia se näo tem no seu seio uma forma séria de estudar e decidir sobre o assunto, com as aportaçöes independentes de especialistas desta área científica, de ética, psicólogos, etc...
Que se pensa pela blogosfera?

Comments:
Nem em toda a blogosfera se pensa. Numa boa parte da mesma, debitam-se opiniões pré-definidas, do tipo "preto e branco" ou "o bem contra o mal".

Aliás, é como o aborto. Não é uma questão simples, de sim ou não linear.

Enfim. A política, quando jogada como se fosse futebol, é triste.
 
Tens razäo. Mas näo me chegaste a dizer o que pensas sobre o assunto... Conta lá...! :)
 
Não tenho opinião formada, Manuel, não estou minimamente bem informado...
 
Estou claramente de acordo. Desejar avançar com um referendo deste tipo revela falta de bom-senso; ou é pretexto para mais uma guerrazita político-partidária; ou visa justificar a existência de um certo tipo de movimentos "pró-vida" que não se digna arregaçar as mangas e fazer trabalho de campo, junto das pessoas que vivem em situação de risco. Basta ya!
 
Perante as perguntas do referendo respondi no Pontos de Vista e deixei mais alguns comentários no Padres Inquietos. Mas agora que colocas a questão deste modo, é verdade que a questão está longe dos conhecimentos e das vivências da quase totalidade dos portugueses.
 
Caro CA,
Tive oportunidade de ler o que escreveste. Globalmente concordo. Mas, sabendo como decorreram os anteriores referendos, e sabendo que este mecanismo näo se adequa a questöes que requerem um conhecimento pormenozrizado e complexo, parece-me contraproducente a realizçäo de um referendo.
Quanto às razöes que levam os proponentes a querer realizá-lo... creio que haverá várias. Umas sérias, outras nem tanto.
 
Fico mais tranquila ao verificar que não sou apenas eu que sou contra um referendo deste tipo.

Até porque as verdadeiras motivações deste hipotético referendo não têm nada a ver com a PMA - è uma instrumentalização política de um assunto nuito sério - dar aos casais inférteis a possibilidade de ter filhos...

Há muita hipocrisia nestes grupos de "catolaicos".
 
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