sexta-feira, maio 19, 2006
Bom dia
Depois que me cansei de procurar,
A descobrir aprendi.
Depois que o vento me foi contrário,
Navego com todo o vento.
Friedrich Nietzsche
A descobrir aprendi.
Depois que o vento me foi contrário,
Navego com todo o vento.
Friedrich Nietzsche
Comments:
Alô, Manel, bom dia!
Uma amigo meu dizia-me que uma das coisas mais difícil de aprender em Nietzsche é a soletração do seu nome… Eh eh eh, falta aí o “c”… Aprende-se assim: são três consoantes, na ordem inversa à do alfabeto (zsc)… :)
E, já agora e de cor (etimologicamente, significa: de coração, e os franceses ainda dizem “par coeur”, esta é para os que acham que decorar não é ler… ;): O que é o humano? O que faz dele mais do que um macaco? Ser a corda por cima do abismo: não ser a seta nem a distância, mas a tensão do arco. (Muito de cor sem garantia da exactidão de letra).
E acrescento de cor, e agora em exactidão de letra, a paráfrase acrescentada de Ernst Junger: Antes quebrar o arco do que visar um alvo limitado.
Uma amigo meu dizia-me que uma das coisas mais difícil de aprender em Nietzsche é a soletração do seu nome… Eh eh eh, falta aí o “c”… Aprende-se assim: são três consoantes, na ordem inversa à do alfabeto (zsc)… :)
E, já agora e de cor (etimologicamente, significa: de coração, e os franceses ainda dizem “par coeur”, esta é para os que acham que decorar não é ler… ;): O que é o humano? O que faz dele mais do que um macaco? Ser a corda por cima do abismo: não ser a seta nem a distância, mas a tensão do arco. (Muito de cor sem garantia da exactidão de letra).
E acrescento de cor, e agora em exactidão de letra, a paráfrase acrescentada de Ernst Junger: Antes quebrar o arco do que visar um alvo limitado.
Ui... tanto erro em täo pouca palavra.
O do nome foi distracçäo e vou já corrigi-lo.
A qual te referes tu, Zé?
O do nome foi distracçäo e vou já corrigi-lo.
A qual te referes tu, Zé?
Não me fiz entender: Não é erro de ortografia ou prosódia.
É que não corresponde à minha experiência ... e, como temos a danada mania de nos tomarmos por medida de todas as coisas, falei logo de "incorrecção".
Descobrir - descobri.( Julgo, creio. )
E, de facto, na etapa final, não se "procura". Antes se está no tal silêncio de que falaste atrás.
Mas não me consigo imaginar a chegar aí sem primeiro procurar.
E o cansaço é mais do corpo que da mente ( o António Maria tem razão quanto a rezar com o corpo, como eu já disse na polémica sobre Fátima ).
E o Vítor, no comentário que me dirigiu no post "Bom dia" de 15 de Maio, parece não se aperceber que a Presença acaba precisamente porque, ao tentar
"apanhar depois a coisa numa representação ou conceito ou dizer etc, etc"
ele quebra o silêncio.
O silêncio é essencial. E o corpo também.
No meu caso, eu corro/marcho/corro tanto tempo quanto o que aguento, com a glicémia controlada: tens que chegar à exaustão, mas mantendo a consciência bem viva. E esta não pode fixar-se em nada, não pode oferecer resistência ao que está a passar-se. Vem, então, o silêncio. Por duas vezes ( da terceira não estou certo ), há uma Presença no silêncio. Que desaparece se se faz o que o Vítor diz. Claro que pode ser uma alucinação, uma representação mental de algo que não existe. Mas o que é "existir" para aquilo de que estamos a falar? Não há existência material ... A questão é se é objectiva ou produto subjectivo da minha mente. Sinto que não é uma confecção minha.
Claro que o On dirá para pôr mais acúcar nas garrafas de chá, que passa. Não me parece argumento: se eu tirar as lentes fico quase cegueta, mas as coisas não deixam de estarem ali para serem vistas. Poque não hão de a estafa da corrida e a hipoglicémia serem as minhas lentes?
Abraço grande,
ZR.
É que não corresponde à minha experiência ... e, como temos a danada mania de nos tomarmos por medida de todas as coisas, falei logo de "incorrecção".
Descobrir - descobri.( Julgo, creio. )
E, de facto, na etapa final, não se "procura". Antes se está no tal silêncio de que falaste atrás.
Mas não me consigo imaginar a chegar aí sem primeiro procurar.
E o cansaço é mais do corpo que da mente ( o António Maria tem razão quanto a rezar com o corpo, como eu já disse na polémica sobre Fátima ).
E o Vítor, no comentário que me dirigiu no post "Bom dia" de 15 de Maio, parece não se aperceber que a Presença acaba precisamente porque, ao tentar
"apanhar depois a coisa numa representação ou conceito ou dizer etc, etc"
ele quebra o silêncio.
O silêncio é essencial. E o corpo também.
No meu caso, eu corro/marcho/corro tanto tempo quanto o que aguento, com a glicémia controlada: tens que chegar à exaustão, mas mantendo a consciência bem viva. E esta não pode fixar-se em nada, não pode oferecer resistência ao que está a passar-se. Vem, então, o silêncio. Por duas vezes ( da terceira não estou certo ), há uma Presença no silêncio. Que desaparece se se faz o que o Vítor diz. Claro que pode ser uma alucinação, uma representação mental de algo que não existe. Mas o que é "existir" para aquilo de que estamos a falar? Não há existência material ... A questão é se é objectiva ou produto subjectivo da minha mente. Sinto que não é uma confecção minha.
Claro que o On dirá para pôr mais acúcar nas garrafas de chá, que passa. Não me parece argumento: se eu tirar as lentes fico quase cegueta, mas as coisas não deixam de estarem ali para serem vistas. Poque não hão de a estafa da corrida e a hipoglicémia serem as minhas lentes?
Abraço grande,
ZR.
E tenta bloquear a execução automática do tal software ...
E, isso deve ajudar-te no esforço de bloqueio, sim: a mente vai-se ocupando ( até ao silêncio ) de Deus, dos homens e da Porta.
E ficamos por aqui, sim?
Zé.
E, isso deve ajudar-te no esforço de bloqueio, sim: a mente vai-se ocupando ( até ao silêncio ) de Deus, dos homens e da Porta.
E ficamos por aqui, sim?
Zé.
Caro Zé Ribeiro.
Ai, isto da comunicação… O que eu quis dizer foi precisamente isso que para aí dizes… E também concordo com essa estória de Fátima e do corpo.
Há talvez um pequeno senão. Não penso que a linguagem seja meramente descritiva e nominativa. Penso que se pode comunicar negativamente, isto é, curto-circuitando a palavra, e assim depor quem diz ou ouve no silêncio. Mas este será sempre posterior ao dizer, é certo.
Abraço.
Ai, isto da comunicação… O que eu quis dizer foi precisamente isso que para aí dizes… E também concordo com essa estória de Fátima e do corpo.
Há talvez um pequeno senão. Não penso que a linguagem seja meramente descritiva e nominativa. Penso que se pode comunicar negativamente, isto é, curto-circuitando a palavra, e assim depor quem diz ou ouve no silêncio. Mas este será sempre posterior ao dizer, é certo.
Abraço.
Caro Vítor:
Pois, não percebi bem: relendo o que escreveste ( posso tratar-te por "tu", não posso? ), é claro que é a interpretação mais natural.
Quanto ao "curto-circuito" - e se percebi bem -, é uma técnica muito usada em outras tradições religiosas, p ex o Budismo Zen. Exige um diálogo muito vivo, com perguntas/respostas muito curtas ( que não dêm tempo ao intelecto para ponderar ), e que conduza a uma situação em que se torne evidente a incapacidade do dito intelecto para "saber". É preciso um orientador muito treinado.
Ora, eu não disponho de tal mamífero.
E - conheço-me há muitos anos - o meu intelecto na tal situação continuaria a esbracejar.
Preciso mesmo de estar exausto.
Abraços,
ZR.
Pois, não percebi bem: relendo o que escreveste ( posso tratar-te por "tu", não posso? ), é claro que é a interpretação mais natural.
Quanto ao "curto-circuito" - e se percebi bem -, é uma técnica muito usada em outras tradições religiosas, p ex o Budismo Zen. Exige um diálogo muito vivo, com perguntas/respostas muito curtas ( que não dêm tempo ao intelecto para ponderar ), e que conduza a uma situação em que se torne evidente a incapacidade do dito intelecto para "saber". É preciso um orientador muito treinado.
Ora, eu não disponho de tal mamífero.
E - conheço-me há muitos anos - o meu intelecto na tal situação continuaria a esbracejar.
Preciso mesmo de estar exausto.
Abraços,
ZR.
Olá, Zé Ribeiro.
Claro que me podes tratar por tu, eu até prefiro… Bem, tu, como és cristão ocidental :P é natural que o curto-circuito zen te seja mais complicado (é como eu…)
A brincar, a brincar, mas… quero dizer, é como aquela do Tomás de Aquino, escreve aquelas milhentas e milhentas páginas com um montanhoso intelecto, e no fim, antes de morrer, diz (exausto ;) Todo o que eu escrevi não passa de palha. Também tinha a mania das caminhadas – para ir dar aulas a Paris, trufa, lá vai ele com um irmão dominicano a pé pela estrada fora (de Itália!).
Isto do cansaço é muito curioso. O Grotowski, que era um moço polaco dos teatros, fazia ensaios comprídissimos cuja intenção era quebrar as resistências da consciência do actor.
Seja como for, quanto a mim, tenho muito a aprender com essa malta zen.
Abraço.
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Claro que me podes tratar por tu, eu até prefiro… Bem, tu, como és cristão ocidental :P é natural que o curto-circuito zen te seja mais complicado (é como eu…)
A brincar, a brincar, mas… quero dizer, é como aquela do Tomás de Aquino, escreve aquelas milhentas e milhentas páginas com um montanhoso intelecto, e no fim, antes de morrer, diz (exausto ;) Todo o que eu escrevi não passa de palha. Também tinha a mania das caminhadas – para ir dar aulas a Paris, trufa, lá vai ele com um irmão dominicano a pé pela estrada fora (de Itália!).
Isto do cansaço é muito curioso. O Grotowski, que era um moço polaco dos teatros, fazia ensaios comprídissimos cuja intenção era quebrar as resistências da consciência do actor.
Seja como for, quanto a mim, tenho muito a aprender com essa malta zen.
Abraço.