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segunda-feira, maio 15, 2006

Deus no caos 

"Como poderemos chegar a descortinar a presença da corrente divina debaixo da membrana contínua dos fenómenos; a transcendência criadora através da imanência evolutiva?"
Quem lança a pergunta é Pierre Teilhard de Chardin, num dos ensaios compilados e publicados sob o título: "Lo que yo creo". Este Jesuíta morreu há mais de cinquenta anos, mas a sua obra continua a ser luminosa. Com uma clarividência invulgar, aventurou-se a desbravar o caos evolutivo à procura de Deus.
Senhor de intuições que viriam a consagrá-lo postumamente, toma a peito a tarefa de dizer Deus de uma forma credível e aceitável para quem lê o mundo a partir das descobertas científicas. Por isso se dirigia aos teólogos do seu tempo: "Se querem falar numa língua inteligível, ou melhor ainda, persuasiva, aos nossos contemporâneos, é indispensável, antes de mais, que os teólogos do cristianismo compreendam, aceitem e amem a ideia nova que o homem moderno faz cientificamente de si mesmo".
Passou-se mais de meio século.

Comments:
Isso dá muito trabalho!
 
Como escreveu Dostoyevski: “quando penso na nossa origem, uma das coisas que mais me inquieta é o progresso da falta de fé”. Já passaram mais de cem anos depois que esta frase foi escrita. A fé continua a perder as suas raízes tanto na sua intensidade como na sua extensão, principalmente nos países da antiga cristandade. É urgente tomar consciência da raiz do problema. Sé depois podemos procurar resposta.
 
Todos aqueles que fecham os olhos ao progresso da ciencia e à evolução do mundo em que vivemos são homens de pouca fé.
Se tivessem fé tinham coragem para enfrentar os problemas e não se refugiavam em tomar consciencia da raiz do problema.
 
Não estará a raiz do problema escondida atrás da falta de vontade de dizermos que por detrás dos fenómenos, que a ciência explica credivelmente aos homens mais vacilantes, está a presença de Deus, que criou as condições para que aquele fenómeno se sucedesse e fosse inteligivel pela ciência?
 
Caro Pedro Gama,

Quem tiver vontade de o dizer que o diga. Mas já agora:
O que é que significa "explica credivelmente aos homens vacilantes"?
Sinceramente não percebo o que quer dizer com isso.

Já analisou várias descobertas cientificas e em cada caso chegou a essa conclusão ou já sabe que é assim?
 
Fiz-me entender mal.

Talvez pela falta d euma virgula ou por falta de me fazer entender.

O que quis dizer é que no mundo que corre o homem tem mais facilidade em crer facilmente nas respostas cientificas do que olhar para trás do fenómeno e encontrar nele uma explicação divina. A ciência tem a vantagem de dar respostas credíveis "palpáveis".

Não quis com isto dizer que a ciência é a resposta às ânsias do homem.

Os Homens vacilantes tendem a deixar-se levar mais pela materialidade das respostas do que pelas respostas da fé.

Não sei se agora fui mais claro, porque também não quero deixar aqui uma ideia errada que nem é a minha.
 
Caro Pedro Gama,

eu sou uma homem de muita fé. Até nem tenho medo de pregar aos sete ventos que sou ateu e arriscar o castigo divino.
Veja lá se consegue ter uma fé tão grande como a minha!
A ciencia é complexa mas as o poder das suas realizações tecnologicas é inquestionavel.
A religião institucional procurou responder a questões para as quais não havia resposta e sente-se melindrada por agora a ciencia vir dar essas respostas.
Existem questões que transcendem a ciencia. Muitos cristãos tém dificuldade em se limitar a tratar essas questões por lhes ser muito mais facil opinar sobre questões secundárias. Que percebem eles das coisas verdadeiramente espirituais?
Mais ou menos nada!

Até acham que é preciso ter fé para ter actividade espiritual, imagine-se.

Não tema a opinião dos homens. Preocupe-se só com a opinião de Deus. Se ele existisse seria infinitamente mais tolerante do que os homens que o preocupam.

Qual seria o mal se deixasse aqui uma ideia errada que não era a sua.
Tenha fé, homem.
Não se apoquente com essas coisas!
 
Os teólogos poderiam começar pela filosofia de base. Do que vou vendo, a teologia oficial ainda se baseia em Aristóteles e S. Tomás de Aquino. Ora a visão científica do mundo já não liga bem com estes respeitáveis filósofos.
 
Caro amigo "On".

Antes de mais dizer-lhe que concordo, em parte, com aquilo que diz.

Por outro lado não considero que o tentar fazer com que a minha opinião real seja compreendida da melhor forma possivel possa ser visto como uma prova de que estou preocupado com o que os homens dizem ou não. Apenas quis clarificar uma ideia que passei de forma errada, para que fosse bem compreendida.

A minha opinião, em cima expressa, é uma opinião que diz simplesmente isto: Sinto que a Ciência moderna é, em muitos casos, é uma mais valia para a humanidade. E sinto até mais: Sinto que, apesar de, aos poucos a Igreja se ter aberto um pouco mais à "fé" na ciência, ainda não se conseguiu fazer uma ponte segura sobre aquilo que deve, para mim (e quem sou eu para querer teorizar aquilo que a Igreja deve doutrinar?) a fé e a ciência. Muito se tem escrito e dito, mas o facto é que ainda há aquele virar de costas destas duas áreas tão especificas, importantes e prevalente na vida do homem. A própria ciência, em certa medida e bem entendido, pode ser um acto de fé. Mas não é isso que se está a discutir.

Do que percebi do post inicial do Manel e remeto-me apenas às palavras de Teilhard de Chardin, diz ele que há-de haver um caminho para encontrar a "coisa" divina atrás daquilo que são os fenómenos do nosso espaço fisico. E pergunta como? Eu pergunto o mesmo.

Depois li o Padre Carlos que escreveu "É urgente tomar consciência da raiz do problema. Sé depois podemos procurar resposta", depois de citar Dostoyevski, para mostrar que a fé está em estado de decadência (sei que não foi assim que o disse, mas estou apenas a exagerar).

E parece-me que, de facto, neste "combate" entre fé e ciência, tudo pode estar ligado, porque eu, se acredito que Deus criou um universo, também criou as suas leis desse universo para que ele se desenvolva e progrida podendo essas leis ser observadas à luz da ciência e explicadas por ela.

Pode parecer uma conclusão dos bancos da primária, ou da catequese (não sei, porque nunca a frequentei), mas é uma conclusão que me parece levar já a um caminho de solução. Dificil, eu sei, mas pode ser um principio de olhar para lá dass divergências que ainda possam existir.

Por isso digo, e repito, que a raiz do problema está escondida atrás da falta de vontade de dizermos, nós cristãos e, principalmente, hierarquia eclesial, que por detrás dos fenómenos, que a ciência explica "credivelmente" (e perceba-se neste credivelmente, o facto de ser "palpável", logo mais credível numa primeira análise) aos homens mais vacilantes (na fé), está a presença de Deus, que criou as condições para que aquele fenómeno se sucedesse e fosse inteligivel pela ciência?

Quanto ao senhor "On" ter uma fé como a sua, ainda que não acreditando em Deus: Digo-lhe que tenho até a certeza de que a sua fé é bem capaz de ser, se não mais forte que aminha (porque a fé não se mede), é bem capaz de ser manifestada de uma maneira bem mais credível que a minha. E muitas vezes sinto vergonha de dizer que tenho fé em quem tenho e, mais, de dizer que O sigo, pois muitas vezes sinto que falo mais do que faço, ou do que podia fazer.

Talvez, por isso, muitas vezes caia na tentação de temer "a opinião dos homens". Por que talvez nem tenha coragem de olhar nos olhos de Deus e tentar perceber qual é a "opinião de Deus". Mas como eu sei que Ele existe sei que Ele é "infinitamente mais tolerante do que os homens que o preocupam", acabo sempre por o olhar nos olhos e dizer-Lhe: "Pois é meu! Falhei de novo, mas sabes? Confio tanto em ti, e sei que me colocaste tanta coisa para eu utilizar à frente, que vou continuara olhar, atento, sempre em busca de mais uma oportunidade de te dar aos outros". Aperto-lhe os "calos", bebemos um "copo", e fica tudo na boa!!!

Uma abraço amigo "on"
Um abraço pai Manel
 
Ora muito se fala por aqui!
Obrigado.
Sublinho duas das idéias fundamentais de Chardin, resumidas a talho de foice, pelo que podem aportar à discussäo:

1. Deus estaria na origem do universo e a expansäo deste seria uma espécie de ordenaçäo do caos para um fim que culmina no mesmo Deus.

2. A acçäo de Deus no tempo e no espaço nunca será detectável e analisável cientificamente, porque essa acçäo se processa pelas próprias leis do Universo criado. Onde quer que se busque Deus, encontrar-se-á um universo a "funcionar". Por isso diz ele: "Deus näo faz nada; faz com que se faça"...

Abraço a todos
 
A observação da natureza nunca poderá provar ou desprovar a existencia de Deus.
Não vale a pena ir por aí.

Chardin acaba por insinuar que "a prova de que Deus existe é que não podemos detectá-lo".

Não é grande prova...

A religião e a ciencia coexistem em planos separados da realidade.

Só há contradições se a religião continuar a criar Galileus, agora na biologia. Se assim fizer, vai voltar a cair no ridiculo...
 
A observação da natureza nunca poderá provar ou desprovar a existencia de Deus.
Não vale a pena ir por aí.

Chardin acaba por insinuar que "a prova de que Deus existe é que não podemos detectá-lo".

Não é grande prova...

A religião e a ciencia coexistem em planos separados da realidade.

Só há contradições se a religião continuar a criar Galileus, agora na biologia. Se assim fizer, vai voltar a cair no ridiculo...
 
Na década de 1960, ensinava Ciências da Natureza no Liceu Camões, em Lisboa, uma católica muito estranha, aparentemente diferente dos católicos que eu conhecia, a professora Sepúlveda.

Foi minha professora durante cinco anos, do 7º ao 11º anos de escolaridade. Às pinguinhas, à medida que a nossa capacidade de compreensão crescia, e sempre a propósito da matéria que ia dando - mas transcendendo-a - foi-nos dando um curso elementar de "Chardinismo".

Fiquei - e permaneço - fascinado. É a ÚNICA proposta interpretativa que conheço que conjuga perfeitamente Ciência e Religião; que, digamos, torna Deus absolutamente razoável. ( "Razoável" quer dizer compatível com a razão; não quer dizer necessário para a razão; não há nenhuma prova; a "fé", ou outro nome que lhe queiramos dar, continua a ter o seu lugar ).

Claro que é muito difícil para a Igreja aceitar Chardin.

Primeira questão: Se a evolução faz parte do plano divino, então todo o sofrimento que a selecção natural implica é desejado por Deus, não pode ser atribuído a um princípio do mal.

Segunda questão: Em toda a caminhada que temos pela frente até chegarmos à Consciência Única qual o papel de Cristo? Quem redime quem? É Cristo que, pelo seu sacrifício na Cruz, nos redime de uma vez por todas? Ou é a Humanidade que se redime a si própria ao longo da História por fazer?

No meu entender, são problemas sérios. Mas julgo que as respostas clássicas da Igreja são muito mais fracas e atabalhoadas que as possibilidades abertas por Chardin.

De facto, a doutrina clássica não tem nenhuma resposta clara para o problema do sofrimento; Chardin explica a sua necessidade. E passamos a interpretar a Cruz não em termos sacrificiais, mas como sinal, do próprio Deus e no próprio Deus, das leis da Criação.

E a segunda questão recebe uma resposta evidente: Ambos. São a Encarnação e a Cruz que dão alento e guiam a Humanidade para que esta, no plano dos factos, consuma a sua própria redenção. E, de uma penada, desaparecem as discussões sobre a justificação ser pela fé ou pelas obras ...

Ah, mas isto tudo envolve uma terrível mudança de paradigma! Mesmo que os teólogos se convencessem, como conseguiriam eles convencer os administrativos? Tenho as mais sérias dúvidas que o Espírito Santo consiga actuar neste caso. Para informar que a homossexualidade não está nos planos de Deus; ou que os actos homossexuais são intrinsecamente preversos; ou que a condição homossexual é sinal de uma grave desordem moral - para estas coisas a pombinha é célere e as iluminações abundam. Mas, para o que estamos a falar, a pombinha não tem asas.

É pena, é verdadeiramente pena. Não consigo exprimir o quanto lamento que seja assim.

Zé.
 
“En este Domingo de Pascua –dijo el Papa–, la liturgia nos presenta la página del Evangelio de Juan en la que Jesús, hablando a los discípulos durante la Ultima Cena, los exhorta a mantenerse unidos a Él como el sarmiento a la Vid. Es una parábola verdaderamente significativa ya que expresa con gran eficacia como la vida cristiana es un misterio de comunión con Jesús”.

El Pontífice recordó luego que “una vía segura para mantenerse unidos a Cristo, como los sarmientos a la vid, es recurrir constantemente a la intercesión de María que ayer, 13 de mayo, hemos venerado particularmente recordando las apariciones de Fátima”.

El mensaje de Fátima, explicó el Papa, “en continuidad con el de Lourdes, fue un fuerte llamado a la oración y a la conversión”.

“Además, el 13 de mayo de 1981 –hace ya 25 años– el Siervo de Dios Juan Pablo II sintió haber sido milagrosamente salvado de la muerte gracias a la intervención de ‘una mano maternal’, como él mismo dijo, y todo su pontificado ha estado marcado por lo que la Virgen había preanunciado en Fátima”, agregó el Santo Padre.

Benedicto XVI concluyó señalando que “si no han faltado preocupaciones y sufrimientos, si todavía hay motivos de aprensión respecto del futuro de la humanidad, es de gran consuelo lo que la ‘Blanca Señora’ prometió a los pastorcillos: ‘Al final mi Corazón Inmaculado triunfará’”.
Quizá la respuesta esté en estas palabras.
No me parece ca mino acertado meterse con la piedad popular. Y menos con la Virgen, Si en algún lugar la Virgen lleva a Dios, es en Fátima: repasemos lo que Lucia dice en la 1ª Aparición: "POr un impulso íntimo caimos de rodillas y ...rezamos: Dios mío, te amo. Dios mío, Dios mío te adoro en el Santísimo Sacramento". Y las Apariones angélicas, y la piedad eucarística de los videntes...
Seamos serios.
Un fortísimo abrazo.
 
Zé,

Curiosamente, parece-me haver, actualmente, dentro da Igreja, um certo interesse pelas ideias de Chardin. As suas intuiçöes continuam a animar muitas teses. ensaios, investigaçöes...
As boas ideias näo morrem: acabam sempre por fazer o seu caminho... Pode é näo ser ao ritmo que gostariamos! :)
 
Caminante,

Que te hace decir que tu posición es más seria que la mia?
Acaso es Fátima dogma de fé?
Que he dicho de "poco serio"?

Abrazo
 
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