sexta-feira, outubro 20, 2006
Olha esta!!!
Esta senhora tem um desplante difícil de superar.
Prevendo a possibilidade de que o referendo näo seja vinculativo, por maioria de abstençäo, ataca a sensata posiçäo, já expressa pelos socialistas, de respeitar os resultados, sejam eles quais forem. Como isto significa que, se ganhar o näo como em 98, mesmo que só votem cinco pessoas, näo haverá despenalizaçäo, considera esta senhora que, nessa altura, os senhores deputados deviam tomar as rédeas do assunto e legislar pela despenalizaçäo, porque diz ela, isso significa "que o povo maioritário não quer decidir sobre isto e agradece a quem o fizer por si". Claro que näo lhe ocorre que também pode ser o contrário: o povo maioritário pode querer as coisas como estäo...
Isto costumava chamar-se desonestidade intelectual.
Comments:
100% de acordo com o teu comentário.
É provável que a maioria do povo português se abstenha de ir às urnas, pois há problemas mais graves e urgentes que este da despenalização(liberalização do aborto?) como são a pobreza e o mau funcionamento da justiça, e os políticos estão se marimbando para eles.
É provável que a maioria do povo português se abstenha de ir às urnas, pois há problemas mais graves e urgentes que este da despenalização(liberalização do aborto?) como são a pobreza e o mau funcionamento da justiça, e os políticos estão se marimbando para eles.
Já li o que a dita senhora escreveu. E não acontece igual com as eleições, em que a maioria não vai votar (porque entendem que na sua vida há coisas mais importantes!)? Não tomam assento no governo os que obtêm a maioria?
Às vezes apetece-me desejar, e desculpem o exagero (que seria pouco católico) que os pais dessa gente tivessem as mesmas ideias e tivessem optado como elas propõem na gravidez das mesmas... Bolas. è mais fácil pensar para os outros que para nós, não é?!
Às vezes apetece-me desejar, e desculpem o exagero (que seria pouco católico) que os pais dessa gente tivessem as mesmas ideias e tivessem optado como elas propõem na gravidez das mesmas... Bolas. è mais fácil pensar para os outros que para nós, não é?!
Que pensamento tão católico e bondoso ò confessionário!!!
Se viesses confessar-te a mim do pecado que acabas de fazer, garanto-te que te dava uma penitenciazita especial...
Se viesses confessar-te a mim do pecado que acabas de fazer, garanto-te que te dava uma penitenciazita especial...
Manuel, concordo plenamente. Pura desnonestidade. Chamar-lhe-ia também de egoísmo intelectual.
Falha o espírito democrático em tudo: no falar-se dos direitos humanos só da própria. Na vontade de ignorar as liberdades de expressão individuais sobre uma questão que mexe com valores.
E se no futuro ganhasse uma nova maioria que tivesse uma opinião contrária? Teria ligitimidade para fazer o mesmo (recolocar a lei antiga), na opinião desta senhora?
E qual é sua opinião sobre as que abortarem depois das 10 semanas, já podem ser penalizadas? Já mexe com a consciência? Hipocrisia.
O aborto tem que ser uma excepção. Não pode ser uma "liberdade". A actual lei não podia ser mais permissiva:
permite o aborto até às 24 semanas em caso de: malformação ou risco de vida do feto, risco de saúde ou vida da mãe e violação.
Falha o espírito democrático em tudo: no falar-se dos direitos humanos só da própria. Na vontade de ignorar as liberdades de expressão individuais sobre uma questão que mexe com valores.
E se no futuro ganhasse uma nova maioria que tivesse uma opinião contrária? Teria ligitimidade para fazer o mesmo (recolocar a lei antiga), na opinião desta senhora?
E qual é sua opinião sobre as que abortarem depois das 10 semanas, já podem ser penalizadas? Já mexe com a consciência? Hipocrisia.
O aborto tem que ser uma excepção. Não pode ser uma "liberdade". A actual lei não podia ser mais permissiva:
permite o aborto até às 24 semanas em caso de: malformação ou risco de vida do feto, risco de saúde ou vida da mãe e violação.
Penso que o post não reflecte correctamente a opinião da Ana Sá Lopes; pelo que a crítica me parece algo desajustada.
Há gente que defende legitimamente que esta questão não deveria ser referendada: uns porque consideram que a vida não é referendável; outros porque pensam que a Assembleia da República está mandatada para legislar sobre o assunto.
Tendo-se avançado para o referendo, seja qual for o resultado, colocar-se-ia o problema deste ser vinculativo: legalmente, exige-se uma maioria de votantes. Todavia, o partido com mais assentos no Parlamento terá tomado a decisão política de o considerar vinculativo independentemente da taxa de participação. A Constituição não lhes proibe tal decisão; mas também não os obriga. É defensável; e criticável.
Quanto à interpretação do significado da abstenção, o problema está mesmo aí, na impossibilidade de delimitar objectivamente as razões por detrás do abstencionismo; pelo que este se abre a múltiplas leituras. A da jornalista, não sendo a única, é uma possível.
Há gente que defende legitimamente que esta questão não deveria ser referendada: uns porque consideram que a vida não é referendável; outros porque pensam que a Assembleia da República está mandatada para legislar sobre o assunto.
Tendo-se avançado para o referendo, seja qual for o resultado, colocar-se-ia o problema deste ser vinculativo: legalmente, exige-se uma maioria de votantes. Todavia, o partido com mais assentos no Parlamento terá tomado a decisão política de o considerar vinculativo independentemente da taxa de participação. A Constituição não lhes proibe tal decisão; mas também não os obriga. É defensável; e criticável.
Quanto à interpretação do significado da abstenção, o problema está mesmo aí, na impossibilidade de delimitar objectivamente as razões por detrás do abstencionismo; pelo que este se abre a múltiplas leituras. A da jornalista, não sendo a única, é uma possível.
JS,
O que a senhora em questäo defende é de uma simplicidade cristalina: caso o referendo näo seja vinculativo, por maioria de abstençäo, mesmo que o resultado da minoria votante seja um "Näo" à despenalizaçäo, a Assembleia da República devia legislar em favor dessa despenalizaçäo.
Onde está a coerência deste raciocínio? E onde estaria a legitimidade da Assembleia para tal orientaçäo legislativa, sobretudo depois de dois referendos sobre a matéria que, apesar de näo vinculativos, coincidiriam nos resultados?
O que a senhora em questäo defende é de uma simplicidade cristalina: caso o referendo näo seja vinculativo, por maioria de abstençäo, mesmo que o resultado da minoria votante seja um "Näo" à despenalizaçäo, a Assembleia da República devia legislar em favor dessa despenalizaçäo.
Onde está a coerência deste raciocínio? E onde estaria a legitimidade da Assembleia para tal orientaçäo legislativa, sobretudo depois de dois referendos sobre a matéria que, apesar de näo vinculativos, coincidiriam nos resultados?
Manuel
Tendo em conta que não havia obrigação legal de se promover um referendo sobre o aborto; tendo em conta que não há obrigação legal de se considerar o referendo vinculativo, caso se registe uma maioria de abstenção; a posição da Ana Sá Lopes é legítima.
Claro que a AR veria diminuída a sua legitimidade política para legislar em sentido contrário ao resultado do referendo; mas a sua legitimidade constitucional manter-se-ia intacta. E a verdade é que há razões válidas para a Constituição salvaguardar a liberdade de legislar do Parlamento, caso se registe uma minoria de participação popular num referendo, seja qual for o assunto sobre que verse e o sentido de voto que apresente.
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Tendo em conta que não havia obrigação legal de se promover um referendo sobre o aborto; tendo em conta que não há obrigação legal de se considerar o referendo vinculativo, caso se registe uma maioria de abstenção; a posição da Ana Sá Lopes é legítima.
Claro que a AR veria diminuída a sua legitimidade política para legislar em sentido contrário ao resultado do referendo; mas a sua legitimidade constitucional manter-se-ia intacta. E a verdade é que há razões válidas para a Constituição salvaguardar a liberdade de legislar do Parlamento, caso se registe uma minoria de participação popular num referendo, seja qual for o assunto sobre que verse e o sentido de voto que apresente.