segunda-feira, outubro 16, 2006
Ordem na sala!
"...não se pode pedir aos que dizem não ao aborto uma linguagem doce e dúbia para não ferir a opinião dos que vigorosamente o defendem até ao absurdo".
Com coisas sérias näo se brinca. Mas também é escusado gritar...
Com coisas sérias näo se brinca. Mas também é escusado gritar...
Comments:
Pelo que entendo da frase (embora não conheça o contexto), o que se afirma é que não se pode exigir dos pró-vida uma linguagem "politicamente correta" (azeitada, temperada ao gosto do freguês). Entendo essa afirmativa, uma vez que os pró-vida têm diante de si a urgência de sua causa, pois a cada dia são milhares de inocentes ceifados, muitas vezes pela única razão de serem "inesperados".
Antes de mais deixem-me dizer que, sem ser por razões médicas, ou risco de vida da minha mulher, jamais recorreria ao aborto. Para mim já bastou a minha mulher ter, infelizmente, abortado na sua primeira gravidez. Foi o destruir de um sonho...
A temática da liberalização do aborto pode ser abordada de duas vertentes, ou seja, por quem está contra e por aqueles que estão a favor.
Obviamente que o Manuel está do lado daqueles que apelam, aquando do referendo, ao voto no NÃO, isto é aqueles para quem a vida não tem preço, é um bem essencial e não deve ser ceifado seja qual for a razão. Entendo este lado. Tenho uma filha de dois anos que é coisa mais importante da minha vida.
Porém, conhecendo o drama do aborto clandestino, das mulheres que morrem por abortarem em "vãos de escada", também compreendo e valorizo a posição de quem vai votar e lutar pelo SIM da liberalização do aborto, salvo erro, até às 10 semanas.
Contudo, tal como na pílula do dia seguinte, há o medo de, ao liberalizar o aborto, de este se tornar uma prática de tal forma corrente que "a cada dia milhares de inocentes ceifados, muitas vezes pela única razão de serem "inesperados".
Ainda assim, considero que, em grande parte dos casos, as mães que abortam fazem-no após uma grande reflexão, de forma consciente. Este é um difícil calvário vivido por elas.
Eu, após muita reflexão, se houver referendo, vou votar pela LIBERALIZAÇÃO DO ABORTO. Porque, embora compreendendo aqueles que são pró-vida, e também sendo eu a favor da vida, voto pelas mulheres que morrem, pois estas vidas também são importantes.
Apesar de defenderem a definição de vida entendida quase desde a concepção, considero que a vida de quem está já cá fora é mais importante.
A temática da liberalização do aborto pode ser abordada de duas vertentes, ou seja, por quem está contra e por aqueles que estão a favor.
Obviamente que o Manuel está do lado daqueles que apelam, aquando do referendo, ao voto no NÃO, isto é aqueles para quem a vida não tem preço, é um bem essencial e não deve ser ceifado seja qual for a razão. Entendo este lado. Tenho uma filha de dois anos que é coisa mais importante da minha vida.
Porém, conhecendo o drama do aborto clandestino, das mulheres que morrem por abortarem em "vãos de escada", também compreendo e valorizo a posição de quem vai votar e lutar pelo SIM da liberalização do aborto, salvo erro, até às 10 semanas.
Contudo, tal como na pílula do dia seguinte, há o medo de, ao liberalizar o aborto, de este se tornar uma prática de tal forma corrente que "a cada dia milhares de inocentes ceifados, muitas vezes pela única razão de serem "inesperados".
Ainda assim, considero que, em grande parte dos casos, as mães que abortam fazem-no após uma grande reflexão, de forma consciente. Este é um difícil calvário vivido por elas.
Eu, após muita reflexão, se houver referendo, vou votar pela LIBERALIZAÇÃO DO ABORTO. Porque, embora compreendendo aqueles que são pró-vida, e também sendo eu a favor da vida, voto pelas mulheres que morrem, pois estas vidas também são importantes.
Apesar de defenderem a definição de vida entendida quase desde a concepção, considero que a vida de quem está já cá fora é mais importante.
Paulo,
Podes acreditar que percebo o que dizes. A nossa diferença fundamental está em que eu näo sou capaz de fazer a hierarquizaçäo que tu estabeleces no último parágrafo: para mim näo há vidas mais importantes ou menos importantes. Ou há vida ou näo há. E, se há, como estou convencido, toda a argumentaçäo pró-aborto cai por terra.
Podes acreditar que percebo o que dizes. A nossa diferença fundamental está em que eu näo sou capaz de fazer a hierarquizaçäo que tu estabeleces no último parágrafo: para mim näo há vidas mais importantes ou menos importantes. Ou há vida ou näo há. E, se há, como estou convencido, toda a argumentaçäo pró-aborto cai por terra.
Pois eu estabeleço claramente uma hierarquização importante - a vida , a saúde física e psiquica de uma pessoa Humana ( uma mulher) prevalece sobre a vida de uma potencial pessoa humana, que ainda não é mas pode vir a ser.
O nascituro deve ser alvo de tutela e protecção jurídica, mas não com a mesma intensidade e abarngência da protecção jurídica da a uma PESSOA:
O nascituro deve ser alvo de tutela e protecção jurídica, mas não com a mesma intensidade e abarngência da protecção jurídica da a uma PESSOA:
São concebíveis situações em que haja um conflito de direitos à vida e em que alguém tem que optar. Nestas situações, a doutrina da Igreja é taxativa: prevalece o direito do nascituro. Aqui, eu sou menos assertivo, deixando para a mãe a ( horrível ) escolha.
Mas trata-se de situações-limite, que não devem corresponder sequer a 5% dos abortos ( e que já estão contempladas na lei, no ponto sobre o risco para a saúde da mãe ).
Com possibilidade de vos chocar fortemente, nem no caso de violação, nem na maioria dos casos de má conformação do feto, eu considero o aborto legítimo.
Reconheço a vantagem da legalização do ponto de vista da saúde pública. Mas o direito à vida do feto ( ou mesmo do zigoto ) passa antes. A legalização é um passo que, em consciência, não posso dar.
A minha proposta - que é defeituosa, que facilmente pode ser acusada de hipócrita, acusação para que não tenho réplica - é despenalização sem descriminalização.
Há um princípio do Direito, "Não há crime sem pena", que parece opor-se. Mas há outro princípio do Direito Penal que vem em auxílio: não se pode ser punido por um crime cometido em estado de necessidade absoluta. Eu proporia que a lei presumisse que o crime de aborto fosse cometido em tal estado, cabendo ao MP produzir eventualmente prova em contrário.
Não posso ir mais longe. E é uma questão aflitiva.
Os meus dois filhos mais novos foram planeados de calendário na mão. Já nascidos, apercebi-me que o DIU era um método contraceptivo abortivo e pedi à mãe que o puséssemos de parte. Uns bons anos depois, ficou grávida sem o querermos e pôs-se a questão de abortar. Por princípio, em que concordávamos, a escolha era dela. Na altura, não era crente - mas rezei a Deus, a qualquer Deus que existisse, não me interessava qual, para que ela escolhesse ter a criança. Foi assim que nasceu o João Sebastião.
Mas trata-se de situações-limite, que não devem corresponder sequer a 5% dos abortos ( e que já estão contempladas na lei, no ponto sobre o risco para a saúde da mãe ).
Com possibilidade de vos chocar fortemente, nem no caso de violação, nem na maioria dos casos de má conformação do feto, eu considero o aborto legítimo.
Reconheço a vantagem da legalização do ponto de vista da saúde pública. Mas o direito à vida do feto ( ou mesmo do zigoto ) passa antes. A legalização é um passo que, em consciência, não posso dar.
A minha proposta - que é defeituosa, que facilmente pode ser acusada de hipócrita, acusação para que não tenho réplica - é despenalização sem descriminalização.
Há um princípio do Direito, "Não há crime sem pena", que parece opor-se. Mas há outro princípio do Direito Penal que vem em auxílio: não se pode ser punido por um crime cometido em estado de necessidade absoluta. Eu proporia que a lei presumisse que o crime de aborto fosse cometido em tal estado, cabendo ao MP produzir eventualmente prova em contrário.
Não posso ir mais longe. E é uma questão aflitiva.
Os meus dois filhos mais novos foram planeados de calendário na mão. Já nascidos, apercebi-me que o DIU era um método contraceptivo abortivo e pedi à mãe que o puséssemos de parte. Uns bons anos depois, ficou grávida sem o querermos e pôs-se a questão de abortar. Por princípio, em que concordávamos, a escolha era dela. Na altura, não era crente - mas rezei a Deus, a qualquer Deus que existisse, não me interessava qual, para que ela escolhesse ter a criança. Foi assim que nasceu o João Sebastião.
Zé ribeiro:
"Com possibilidade de vos chocar fortemente, nem no caso de violação, nem na maioria dos casos de má conformação do feto, eu considero o aborto legítimo".
Sim, é chocante que alguém pesnse assim.
Talvez porque uma gravidez nunca poderia acontecer contigo.
"Com possibilidade de vos chocar fortemente, nem no caso de violação, nem na maioria dos casos de má conformação do feto, eu considero o aborto legítimo".
Sim, é chocante que alguém pesnse assim.
Talvez porque uma gravidez nunca poderia acontecer contigo.
Bluesmile:
Eu percebo o que queres dizer.
Eu também julgo que se os homens engravidassem, as Igrejas já teriam santificado o aborto ...
Mas continuo a pensar que o que vai a referendo não é uma questão de direitos da mulher - é uma questão de direito à vida de um ser humano ( mais a mais, indefeso ).
E é verdade que nunca engravidei, mas - acredita-me - bem tentei ( e continuo a tentar ... ):D :D :D
Eu percebo o que queres dizer.
Eu também julgo que se os homens engravidassem, as Igrejas já teriam santificado o aborto ...
Mas continuo a pensar que o que vai a referendo não é uma questão de direitos da mulher - é uma questão de direito à vida de um ser humano ( mais a mais, indefeso ).
E é verdade que nunca engravidei, mas - acredita-me - bem tentei ( e continuo a tentar ... ):D :D :D
O puto chamou-se Sebastião porque nasceu em 1992 e em 1991 a Igreja ( romana) produziu um dos mais vergonhosos documentos da sua história, assacando aos gays a culpa da epidemia de SIDA.
São Sebastião é o santo nosso protector e a quem se encomendavam os pestíferos na Idade Média.
São Sebastião é o santo nosso protector e a quem se encomendavam os pestíferos na Idade Média.
Ah, foi de certeza uma inspiração do subconsciente!! De facto, nesse documento, aparecemos mais como pestíferos do que como empestados ...
Bluesmille,
Compreendo a tua postura. Tive momentos, em que confrontado com situaçöes concretas, cheguei a ter "pena" de näo conseguir, em consciência, dar esse passo... Mas o facto é que näo posso. E podes crer que nem começa por ser uma questäo moral, embora depois também o seja, obviamente. Cá dentro da cabecinha começa por ser uma questäo de lógica e de coerência. Para que me percebas, tenta responder-me a esta pergunta básica: a partir de que momento é que, em teu entender, o aborto deixa de ser legítimo?
Decerto concordas que as "dez semanas" soam a completa arbitrariedade. Qual o momento? Porquê?
Compreendo a tua postura. Tive momentos, em que confrontado com situaçöes concretas, cheguei a ter "pena" de näo conseguir, em consciência, dar esse passo... Mas o facto é que näo posso. E podes crer que nem começa por ser uma questäo moral, embora depois também o seja, obviamente. Cá dentro da cabecinha começa por ser uma questäo de lógica e de coerência. Para que me percebas, tenta responder-me a esta pergunta básica: a partir de que momento é que, em teu entender, o aborto deixa de ser legítimo?
Decerto concordas que as "dez semanas" soam a completa arbitrariedade. Qual o momento? Porquê?
Zé,
Apesar de passado de moda, o Freud tinha alguma razäo... :) (refiro-me às inspiraçöes do inconsciente...)
Apesar de passado de moda, o Freud tinha alguma razäo... :) (refiro-me às inspiraçöes do inconsciente...)
Zé.
O que se vai decidir não é "é uma questão de direito à vida de um ser humano " mas apenas se as mulheres que aboratm em fases muito iniciais da gravidez devem ser presas durante três anos.
O que se vai decidir não é "é uma questão de direito à vida de um ser humano " mas apenas se as mulheres que aboratm em fases muito iniciais da gravidez devem ser presas durante três anos.
Para mim o aborto nunca é legítimo, mas paasa a ser criminoso apenas a partir das 1o/12 semanas, quando já existe uma actividade neuronal incipiente, quando os abortos espontáneos deixam de ser frequentes e quando, em termos de morfogénese o embrião se aproxima da pessoa humana que virá a ser.
Alguns nao tem "actividade neuronal" incipiente nem com 30 ou 40 anos...
VIDAS... São VIDAS que se eliminam...A atracção pela morte é um dos sinais da decadência. Portugal deveria estar, neste momento, a discutir o quê? Seguramente, o modo de combater o envelhecimento da população.
VIDAS... São VIDAS que se eliminam...A atracção pela morte é um dos sinais da decadência. Portugal deveria estar, neste momento, a discutir o quê? Seguramente, o modo de combater o envelhecimento da população.
Bluesmile,
Esse comentário é provocatório mas, sobretudo, desnecessário. Daria azo a meia dúzia de piadas de contra-ataque... mas teriamos dado cabo de toda a seriedade da questäo...
Esse comentário é provocatório mas, sobretudo, desnecessário. Daria azo a meia dúzia de piadas de contra-ataque... mas teriamos dado cabo de toda a seriedade da questäo...
Não é provocatório, mas realista. SE o argumento para condenar mulheres á prisão é a baixa da natalidade, convenhamo que, por uma questão e coerência, urge perguntar a quem defende a prisão de mulheres o que é que já fez para aumentar tal taxa.
Já participou activamente?
Quantos filhos tem?
Já participou activamente?
Quantos filhos tem?
Bluesmile,
"SE o argumento para condenar mulheres á prisão é a baixa da natalidade..."
Eu disse isso? Quando? Desculpe mas deve estar confundida.
Sobre a minha opiniäo nesta questäo, volto a deixar claras duas coisas:
1. Aceito a despenalizaçäo da mulher. Isto näo significa a aceitaçäo do aborto. Crime sem pena. Só isso.
2. A minha opiniäo sobre o aborto näo se fundamenta nos direitos da mulher, nem na sua ausência. As mulheres que me desculpem, mas o que está em causa näo säo elas. É o filho.
Feito este esclarecimento, permita-me uma ironia: considera que no próximo referendo só deve votar quem tem filhos?
"SE o argumento para condenar mulheres á prisão é a baixa da natalidade..."
Eu disse isso? Quando? Desculpe mas deve estar confundida.
Sobre a minha opiniäo nesta questäo, volto a deixar claras duas coisas:
1. Aceito a despenalizaçäo da mulher. Isto näo significa a aceitaçäo do aborto. Crime sem pena. Só isso.
2. A minha opiniäo sobre o aborto näo se fundamenta nos direitos da mulher, nem na sua ausência. As mulheres que me desculpem, mas o que está em causa näo säo elas. É o filho.
Feito este esclarecimento, permita-me uma ironia: considera que no próximo referendo só deve votar quem tem filhos?
Acho que sim.
Em boa verdade só quem tem filhos é efectiavemnte capaz d avaliar o que está em jogo.
Miguel Sousa tavares, defendeu há uns tempos a mesma opinião.
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Em boa verdade só quem tem filhos é efectiavemnte capaz d avaliar o que está em jogo.
Miguel Sousa tavares, defendeu há uns tempos a mesma opinião.