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quinta-feira, novembro 16, 2006

Já chateia... 

A propósito da reuniäo do Papa com os chefes de Dicastérios da Cúria Romana, volta a falar-se do celibato dos padres.
Claro que, em Roma, nada de novo.
Acho graça que se coloque sempre a questäo como soluçäo ou näo da crise de vocaçöes e, portanto, da falta de padres. Ou seja, como parte de uma estratégia de angariaçäo de mäo de obra.
No que me toca, penso de forma distinta e talvez esteja aí umas das muitas razöes que me impediräo o acesso à púrpura.
Näo me interessa se haveria mais padres ou näo. Provavelmente näo.
Interessa-me, isso sim, que os poucos que haja sejam homens equilibrados nos seus afectos e sexualidade. E que näo consumam tempo e energia vital a lidar com esse "problema". Que sejam mais felizes. E mais humanos. E melhores padres.
Será isto absurdo ou difícil de perceber?

Comments:
De acordo contigo em género, número e grau.
E só não percebe e entende quem não tem essa faculdade.
Abraço
 
De acordo, pelo que ( se me é permitido opinar sobre algo que não me diz respeito ) o celibato deve ser opcional.

Estou convencido que, além da desvalorização de norma da sexualidade, há o objectivo de dispor de uma mão-de-obra mais barata ( sem família a sustentar ) e com maior mobilidade.

ZR.
 
Cerca de um quarto dos sacerdotes católicos são casados. A maioria destes foram reduzidos ao estado laical, mas uma minoria significativa continua a exercer funções sacerdotais com o conhecimento dos seus bispos.

Há uma tendência crescente para a esquizofrenia institucional na Igreja romana: é cada vez maior a distância entre a doutrina sobre costumes e a práctica dos fiéis.

Todos sabemos que mais de 80% das fiéis católicas ignora as proibições da Igreja sobre o controlo de nascimentos.

Todos sabemos que uma boa fatia de católicos se divorcia civilmente de um casamento canónico e volta a casar.

Todos sabemos que a grande maioria dos homossexuais católicos ignora as recomendações da Igreja sobre ficar no armário e não exprimir a sua sexualidade na forma de amor humano.

Nos dois últimos casos referidos ( e há tendências para que também no controlo de nascimentos ), a Igreja romana tenta segurar as suas ovelhas negando-lhes o acesso à comunhão. Nos dias em que escrevo, a Conferência Episcopal dos EUA decidiu por 80% dos votos negar a comunhão aos gays que não são castos - mesmo que no quadro de uma relação estável e exclusiva.

Vãs tentativas: Cada vez mais, os católicos olharão para a Igreja como para uma avó velhinha e patareca, pela qual têm algum carinho - mas cujos ruhm-rum-ruhm são para ignorar.

Quando a avozinha perceber, então poderá ser diferente.

Abraços,
ZR.
 
Zé,

Estou globalmente de acordo contigo.
Näo se pense que näo valorizo o celibato. Sempre houve e sempre haverá quem o abrace como uma vocaçäo própria e como uma forma excelente de consagraçäo. Conheço homens e mulheres felizes com o seu celibato e a sua total entrega a uma vocaçäo religiosa. Näo é isso que está em causa.

O problema é esta norma disciplinar que, nos últimos dez séculos agregou à vocaçäo ao sacerdócio a obrigaçäo do celibato. Näo faz sentido e justificá-lo dizendo que quem entra no seminário faz uma escolha livre, sabendo tudo o que isso implica, raia o puro cinismo. Quantas variáveis se misturam pela vida fora!!!

Assisto a esse encolher de ombros e a esse olhar para a Igreja como uma avozinha patareca que referes com muita tristeza. Porque näo tem de ser assim.

Enfim...
 
Quando a avozinha perceber... poderá ser tarde de mais, todos os seus "netos" terão partido sem sequer se despedirem. Será que a Igreja continuará a ser feita de pedaços de escuridão como este? Parece o jogo do quarto escuro, todos sabemos que lá estamos, continuamos a jogar e quando as luzes se voltam a acender, fazemos de conta que não foi nada.
 
Temos uma Igreja que teima em não abrir os olhos e em não permitir a realização vocacional daqueles que são padres "não praticantes" mas são fiéis depositários e transmissores do verdadeiro rosto de Cristo.

Beijos peregrinos
 
Concordo plenamente com o texto.
Mas há problemas do outro lado também. Um deles é a mania de incluir a abolição do celibato obrigatório no mesmo "pacote" de reivindicações que o sacerdócio das mulheres e os comportamentos homossexuais.
Querem maior prova que o facto do post do ZR ter ido logo nessa direcção? ZR, isto não é uma crítica, são as tuas opiniões e devem ser discutidas, mas não no mesmo contexto ou num mesmo "thread" que o celibato obrigatório dos padres.
O resultado é só um, a igreja coloca-se à defesa e recusa ceder num ponto, com medo que isso apenas encoraje quem queira perseguir os outros. Tanto mais grave é quando são assuntos completamente diferentes.
 
Eu tenho-me perguntado várias vezes: quem detém o poder dessa lei disciplinar do celibato? Resposta- Roma.Pergunta: estará um grupo de velhinhos interessado a discutir ou não sobre o assunto? Resposta - discutir sim...a prática não vale a pena...para quê? E se em vez de perderem tempo a discutir estivessem a fabricar umas bengalinhas de carvalho ou de outra madeira qualquer...pelo menos para eles seria útil...andavam mais direitos...eu se tivesse mais de 70 anos de certeza absoluta que não me iria incomodar nada com o celibato...eles também. Mas fica-lhes bem dizer cá para fora que pelo menos se juntaram a falar...se calhar lá dentro não tocaram sequer no assunto...
S.P.
 
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