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quarta-feira, dezembro 13, 2006

Gritarão as pedras 

Perco a vida em compromissos. Não faço o que me pede a alma, por pruridos e salamaleques. Sorrio em amarelo fingido, para não ferir com a verdade oportuna. Contemplo a paisagem, sem baixar o olhar à valeta do samaritano. Faço o que não quero, porque a circunstância me obriga. Consinto na trapaça, preservando bens maiores. Sacio-me, alarve, porque todos se banqueteiam. Sussurro a medo, só para os meus, as liberdades do coração. Aceito alianças, adivinhando as traições. Acredito nas mentiras, para não ser inconveniente. Abraço sacanas e impostores, obedecendo ao protocolo. Silencio o grito, em nome das lentilhas.
E o Mestre entra, sereno, sobre o lombo do emprestado jumento, na cidade de Jerusalém. E volta a proclamar, provocador: "Se eles se calarem, gritarão as pedras" (Lc 19, 40).
Gritarão as pedras a cobardia do meu silêncio?

Comments:
sem grandes discursos.

inspirador. obrigado.
 
"gritarão as pedras..."

Penso muito nisso a cada dia. A vontade é calar e embalar-me no comodismo de quem não quer agitar águas. Ou não se sente com força, para tanto. Porque ressalta sempre:"não sou eu, apenas, mais uma gotinha?"

E o que é que era o Nazareno frente aos grandes senhores do Templo? Pois já sabemos: custou-lhe a vida.
 
Um Feliz e Santo Natal e um Ano de 2007, Repleto de Bênçãos do Céu e das Graças do Deus Menino.

Deus é Amor.

Os Discípulos
 
Pois..."gritarão as pedras..."
porque ás vezes calar é um mal menor do que falar...não penses que isso seja cobardia, para os homens talvez...mas não para Ele!
Ele entende bem esses sil~encios que nos consomem por dentro!!
Tudo de bom!!
e lembra-e... Tudo passa!!

beijinhos!!
:))
 
É normal termos esses momentos. Deus sabe que o espírito está preparado, mas a carne é fraca.

Que Ele nos oriente e nos ajude a não termos medo de sermos mais uma gota de água que não enche totalmente o oceano, mas que o torna menos vazio.

beijos em Cristo
 
Pessoalmente, não acredito muito em grandes revoluções, mas antes em lentas evoluções (não associar a recentes polémicas sobre o 25 de Abril). Nada se muda de um dia para o outro. Vai-se mudando o que se pode. Às vezes pode-se ter de partir tudo, claro, mas quando chegar esse dia convém estar numa posição em que realmente se possa fazer a diferença.
 
Gritam sempre. Eu às vezes até fico surdo de tanto cobarde silêncio meu. Ouvi-las é penitência profunda. E o amor cobre a multitude dos pecados ;)

Mas sobra-me sempre uma pergunta, na terrível noite: mas quando raio começarás a agir seriamente?


Abraço e bom fim de semana.
 
É preciso modular a existência de forma a que a voz não se cale.
Concordo com o /me. Aos poucos, operam-se mais mudanças do que com revoluções. E mudanças mais definitivas.

Mas também, muitas vezes, só rasgando as vestes se consegue a integridade.
 
Ciclone,

Obrigado eu. Volta mais vezes!
 
MC,

As águas estão lá para ser agitadas. O resto é conversa...:)
 
Discípulos,

Feliz Natal para ti também.
 
Elsa Nyny,

Mas é à cobardia que me referia. Tantas vezes... :)
 
Maria João,

Obrigado. Tens razão. Mas quantas vezes é apenas cobardia? :)
 
/me,

Claro. Mas o que não falta são ocasiões em que a claridade devia falar mais alto. Sobre tudo... :)
Abraço
 
Vítor,

Pois... a noite e a almofada são umas maganas... :)
 
Fátima,

Sim. Mas às vezes damos por nós "abafados" pelas vestes... :)
 
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