terça-feira, março 06, 2007
Regresso
terça-feira, janeiro 09, 2007
Até já
Este blogue entra em pausa, sem prazos nem promessas.
Tudo tem um tempo. Até as paragens.
Obrigado a todos os que deram vida a este adro.
Vemo-nos por aí...
Boa noite
atravessa a invenção da voz:
avança lentamente
mas de repente
irrompe fulminante
saindo-nos da boca
No espantoso momento
do agora da fala
é uma torrente enorme
um mar que se abre
na nossa garganta
Nesse rio
as palavras sobrevoam
as abruptas margens do sentido
quinta-feira, dezembro 21, 2006
Feliz Natal
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste Inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.
Miguel Torga
A minha condição de estudante oferece-me este tipo de privilégios, pouco habituais nas pessoas da minha idade: tenho quinze dias de férias, para celebrar o Natal e o Ano Novo... Desejo a todos um Santo Natal, em vida transbordante do amor de Deus.
Quanto a mim... vou ali, já venho.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Neste Natal...
Neste Natal, é preciso trazer o Menino à rua, às mãos gretadas pelo frio e pelo vento, aos corações gelados pelas noites de invernia; é preciso trazê-lo às praças da História e às tribunas da cidade; é preciso que Ele entre nas barracas da injustiça e nos palácios dos cinismos protocolares; é preciso que excluídos e marginais, esquecidos e abandonados, saibam que são os filhos predilectos deste Deus maior!
É agora o tempo! É esta a hora de O levar onde Ele deve estar: nos corações dos abastados e nas mãos dos deserdados; nas celas dos prisioneiros e nas prisões dos homens livres; na vida... onde ela é vivida, com as luzes e as sombras, as vontades e as esperanças da aurora pressentida!
Um Deus nasceu Menino. E o mundo não pode ficar igual, como se amanhãs não houvesse e a festa se resumisse a uma árvore de natal. É preciso que Ele nasça outra vez e traga a este Dezembro as flores da Primavera.
Imagem:Michelangelo Buonarroti
sexta-feira, dezembro 15, 2006
Fala-se muito...
A mim, aborrece-me esta conversa.
Estado de espírito
Venho agora de celebrar
a minha primeira missa de Natal.
Numa residência de jovens estudantes,
nesta cidade que tão carinhosamente
acolhe o meu exílio.
Já estou a ver a estrela...
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Gritarão as pedras
segunda-feira, dezembro 11, 2006
Movimento
sábado, dezembro 09, 2006
Hoje...
sexta-feira, dezembro 08, 2006
Se ficou em casa...
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Somos pouca coisa...
Sugestão do dia
Há nove anos
...que me impuseram as mãos em cima.
A minha vida nunca mais foi a mesma!
quarta-feira, dezembro 06, 2006
Bom dia
Eu queria ter o tempo e o sossego suficientes
Para não pensar em cousa nenhuma
Para nem me sentir viver
Para só saber de mim
nos olhos dos outros, reflectido.
Texto: Alberto Caeiro
Foto: Robert Mapplethorpe
terça-feira, dezembro 05, 2006
100!
Outro Islão
Boa tarde
...no limite da escassa água e desta terra seca
mal abençoada - caminhas
na plana noite das ardósias
nas jeiras de súplicas e recolhimento onde
talvez se esconda
o contorno quase terno do rosto de deus
O medo de Ser
segunda-feira, dezembro 04, 2006
A vossa atenção...
Ecumenismo ou eclectismo?
Vale a pena ler o resto deste artigo de Jean Daniel, director do Le Nouvel Observateur, publicado na edição de hoje do El País. Apesar de não estar completamente de acordo, parece-me muito pertinente.
Confiança
Boa tarde!
O poeta que em grã dor não teve parte
Chora fingindo, e toca-nos tão fundo!
Quem sofre de verdade não tem arte
Para a tristeza revelar ao mundo.
sexta-feira, dezembro 01, 2006
Religião privada?
"A religião é uma vivência privada", dizem por aí. "Não é nada!", digo eu. Quem afirma tal coisa é porque não percebe patavina do que significa ter fé. "Estar ligado" ao transcendente, ser "religioso", implica um inevitável dinamismo de anúncio e de metamorfose. Não há religião sem transformação.
quarta-feira, novembro 29, 2006
Perdäo
A fé traz sempre a certeza serena do perdão de Deus. Para quem acredita, não há pecado que não se apague, nem sacanice sem remédio. Isto faz-nos olhar para a vida com o optimismo de quem sabe que todas as trovoadas são passageiras: o sol despontará, inevitavelmente.
Isto está certo e é bonito. O pior é que não o levamos a sério. Carregamos e atribuímos culpa com a leviandade dos inconscientes. E, embora não o digamos, agimos na sequência angustiante do crime e do castigo. Por isso somos cristãos da regra e da lei. Pomos limites por fora porque não sabemos limpar por dentro. Vemos o pecado como tremor de terra que fará tombar pedras da abóboda celeste sobre a nossa cabeça. E dramatizamos, levando a mão ao externo, em ritual de culpa, certos do castigo e não do perdão.
terça-feira, novembro 28, 2006
De orelha fita
Dois funcionários de uma loja de decoração preparavam a montra natalícia:
-Passa-me essa estrela grande para colocar aqui em cima.
-A grande tapa os candeeiros. Põe antes a mais pequena...
-E se levantarmos o céu (onde estavam pendurados os ditos...)?
-Depois não se vê...
-Desde que se vejam os candeeiros...
O Natal está à porta...
segunda-feira, novembro 27, 2006
O homem em eclipse
Ora foi que certo dia
o homem eclipsou-se
a data digam a data
a datazinha faz favor
qual data foi por decreto
que a gente se eclipsou
foi só manobra espertice
um dois três e pronto é noite
que nem a lua apareça
seja de que lado for
Uns seguraram-se logo
eram espertos bem se viu
outros cairam ao mar
com cabeça pernas e tudo
quanto a mim perdi a calma
fiquei desaparafusado
tradição cultura estilo
certeza amigos fatiota
tudo fora do seu sítio
um desaparafuso terrível
Segurem-me camaradas
sinto pernas a boiar
cheiro fantasmas enxofre
estou aqui mas posso voar
o parafuso da língua
vai partido vai saltar
agarrem-me! agarra!
pronto
pari o mais leve que o ar
quinta-feira, novembro 23, 2006
Acordo no desacordo
terça-feira, novembro 21, 2006
Falta fazer a prova dos nove...
segunda-feira, novembro 20, 2006
Celibato: lei ou dom? (2)
"O problema do celibato, como lei e porta indispensável para se entrar no sacerdócio, torna-se, na Igreja, uma questão envenenada, deletéria por causa de uma 'outra' Igreja representada por pessoas autoritárias, juízes supremos. Só uma Igreja que saiba curar, encorajar, pode ajudar tanto as pessoas casadas, como os padres. (...)
Em toda a vida cristã, mas de uma maneira particular no que concerne ao celibato e ao casamento, há duas perspectivas totalmente opostas: ou a perspectiva da Boa Nova, da Paraclese (encorajamento no poder do Espírito), do sopro da Graça, da fé alegre e cheia de confiança, da solidariedade que salva e cura, ou então, a perspectiva da lei em toda a sua dureza, dos julgamentos, das sanções, das segregações, com a Graça apenas acrescentada para observar a lei.
Tanto os que são convidados para o sacerdócio, e ao mesmo tempo para o celibato, como aqueles que os convidam, devem estar dinamizados pela Boa Nova: 'O pecado não terá mais poder sobre vós, porque já não estais sob o regime da lei, mas sob o espírito da Graça' (Rom 6, 14)"
Bernhard Häring, in "Que padres... para a Igreja?"
Boa tarde!
Todo de carne e osso,
Como posso
Transfigurar-me?
A vara de condão que me levanta
Ergue o peso de um homem.
Sou maciço, animal.
Mas no céu, onde vejo
Formas como as da terra,
O aceno divino não sossega:
-Vem, alada semente de outra vida!
E não sei que metade ressentida
Me renega.
Miguel Torga
sábado, novembro 18, 2006
Sugestäo do dia
sexta-feira, novembro 17, 2006
Celibato: lei ou dom? (1)
"Muitos padres sentir-se-iam muito melhor, teriam uma vida espiritual mais equilibrada e mais sadia, se fossem casados. A maior parte deles aceitaram o celibato; não o escolheram livremente. Alguns, mais ou menos submissos a uma doutrina, olharam-no e desejaram-no como um sacrifício agradável a Deus e que Lhe manifestava, melhor que qualquer outra forma de vida, o dom total de si.
Alguns outros pensavam mesmo que, assim, ajudariam as pessoas casadas a observar mais convenientemente a castidade própria do seu estado (...).
Ora, para a vida sexual, como para a vida intelectual, o sacrifício pelo sacrifício, ou o sacrifício como consequência de razões teóricas, é um acto suicida.
O sacrifício deve estar ligado radicalmente ao exercício da missão porque ele, sem ser suficiente, é, mesmo assim, necessário ao seu cumprimento.
O empenhamento no celibato supõe, para ser positivo e para ser mantido de forma sadia, uma exigência interior que o tenha, directa ou indirectamente, imposto à partida e que continue a sustentá-lo.(...)
Quanto a mim, penso que, no futuro, os membros de uma comunidade de fé a quem forem conferidos os poderes para a celebração eucarística deverão ter, normalmente, o mesmo género de vida que os outros membros, partilhar com eles as mesmas responsabilidades e riscos, sem pôr de parte qualquer aspecto.
Esta maneira de ver nâo exclui, naturalmente, a possibilidade de vocações para o celibato, sendo elas impostas por fidelidade às exigências íntimas que se perscrutam pessoalmente e provocadas pelas consequências da vida que se deve levar. Mas, então, deve-se tomar essa decisão já adulto, conhecendo já a vida, e näo submetendo-se de maneira voluntarista a normas de origem ideológica e social, mais do que propriamente espirituais.
Cada padre vive o celibato à sua maneira, de uma maneira irrepetível, única no seu contexto social e histórico. De um lado, e no meio de uma grande diversidade, encontram-se os que se submetem e tentam permanecer fiéis à lei, os que fizeram uma opção fundamental por um celibato carismático e perseveram mais ou menos nesse sentido. Do outro, há os que, desde o início, se encontram sob uma lei pesada. Destes, uns vão-se encaminhando para uma autenticidade mais profunda; outros tornam-se rotineiros do dia a dia e um número considerável acaba em dolorosas derrotas".
Marcel Légault, citado por Bernhard Häring
quinta-feira, novembro 16, 2006
Já chateia...
Há que rir, há que rir...
segunda-feira, novembro 13, 2006
Bíblia politicamente correcta
Um grupo de 42 teólogas e 10 teólogos alemães, protestantes na sua maioria, passaram os últimos cinco anos a fazer uma tradução politicamente correcta dos textos sagrados. O novo texto, dizem, pretende eliminar uma certa tendência machista acumulada por séculos de tradição patriarcal e acabar com a discriminação das mulheres, dos judeus e de outros grupos sociais. Assim, o próprio nome de Deus volta ao neutral hebraico Adonai, alternando com outras denominações, como o"Eterno" ou "a Eterna", "Ele", "Ela" "O Vivente", "a Vivente"... Os fariseus passam a aparecer com as fariseias, os apóstolos com as apóstolas e eliminam-se expressões marcadas pela discriminação sexual como "filha de" e "mãe de". As próprias palavras típicas das sentenças de Jesus "Pois Eu vos digo...", passam a ser traduzidas por "pois Eu hoje vos comento..." ou "Eu interpeto...", fazendo passar a ideia que Jesus não pretendia proclamar verdades definitivas, mas uma interpretação mais. A oração ensinada por Jesus aos discípulos passa a ser assim: "Pai e Mãe que estais nos céus...". Um nobre esforço este. Nunca acreditei num Deus machista, misógino, racista ou sectário. Mas esta preocupaçäo com o "politicamente correcto" deixa-me de orelha fita... Sendo a tradução sempre uma traição, não choca pensar que, em sociedades patriarcais, as traduções da Bíblia, feitas por homens enraizados no seu tempo, tenham sido marcadas por esse caldo cultural. É admissível. Mas a ideia de uma tradução "politicamente correcta" não é senão mais do mesmo, levando às escrituras os preconceitos que embebem os dias que correm. O nosso problema continua a ser o que gostamos de atribuír aos fariseus e sucedâneos, como se só a eles afectasse: fixamo-nos na letra da Lei, em vez de perceber o Espírito que nela nos dá a vida. E porque assim é, não descansaremos enquanto não pusermos a Bíblia a dizer o que nos convém, mesmo que para isso a desvirtuemos completamente. Entretidos com as falhas dos escritores, esquecemo-nos do Inspirador. Até ao dia em que Este se afogue em "outras" falhas, de "outros" escritores, mesmo se com o "saber dizer" dos nossos salões. De pouco valerá corrigir os excessos verbais do fogoso Paulo, se não percebermos que não é ele que importa, mas Quem ele anuncia. Ficaremos, porventura, satisfeitos quando convertermos o mensageiro num intelectometrossexual civilizado e cosmopolita, mas não seremos mais santos enquanto não vivermos a Mensagem. Falta-me a competência para uma crítica rigorosa à tradução e por isso a deixo aos biblistas. Mas isto de pegar num texto com a ideia pré-concebida de o fazer dizer certas coisas, faz-me desconfiar. Seja a Bíblia, seja o Fernando Pessoa ou a Jackie Collins. |
quinta-feira, novembro 09, 2006
Tiques...
quarta-feira, novembro 08, 2006
...outras m' avergonho...
...m' espanto às vezes...
terça-feira, novembro 07, 2006
Se ainda näo foram...
A aposta do velho Blaise
segunda-feira, novembro 06, 2006
Como um rio
O que me assombra e desconcerta é que Deus se tenha feito homem para me falar de si em mim! E quando me atrevo a empreender com Ele o caminho de regresso à casa paterna, descubro, perplexo, que sempre esteve à minha espera.
Prosa desassossegada
Fernando Pessoa, aliás, Bernardo Soares
terça-feira, outubro 31, 2006
Para o feriado...
Os santos e as abóboras
Blogues a prémio
Um toque rosa
Bom dia
sexta-feira, outubro 27, 2006
Eu, mais eu e às vezes Deus
Às vezes, é no meio da vertigem das horas vividas assim, em remoinho à volta do meu umbigo, que O pressinto, sereno e quieto, como quem espera que a birra passe à criança rebelde. Nada me diz, nem a nada me obriga. Mas sei que está ali, pacientemente, à espera. E basta isso para que todo o vértigo espumoso caia por si, vazio de sentido.